HORA DE SONHAR

Eram 11 horas de uma Quinta feira quando, na nossa sala de aula, entrou a professora Helena Barreto, sorridente e bem disposta, disposta à partilha, ao desafio e à motivação (posso hoje dizer assim). Estávamos nesse ponto a sugerir nomes para baptizar essa hora do conto, que se ia repetir todas as Quintas-feiras. Convidámos a Helena para essa escolha. De entre muitos nomes, escolheu “Hora de Sonhar” e escolheu muito bem, porque posso dizer-vos, que o que se passou a seguir, foi mesmo sonhar.

Durante o 1.º período leu “Histórias em Verso para Meninos Perversos". Eram as nossas já velhinhas histórias tradicionais, mas numa versão bem diferente do que nos costuma chegar. Essa diferença, convido-vos a descobri-la, lendo esse livro. Não se vão arrepender.
No 2.º período trazia consigo um livrinho, melhor, um “livrão”. Este nosso amiguinho chamava-se “O Vento nos Salgueiros.”
De quinta em quinta feira “O Vento nos Salgueiros” ia-se abrindo, deixando sair uma história muito interessante. E crescia o entusiasmo.
Os meus alunos começaram a fazer trabalhos de opção sobre o que iam ouvindo em cada capítulo. Eram trabalhos feitos à volta da escrita e da expressão plástica. Nasceram registos de opinião, maquetas, poesias, uma história colectiva com base nas personagens, antecipação do final, desenhos de excertos. Foi assim que a leitura passou a andar de braço dado com a escrita. A Helena não sabia de nada, só quase no final do período, ficou a conhecer aquele segredo da turma.

Num dos últimos dias, a Helena trazia consigo a Isabel, para escutar os diferentes finais que os meus alunos (e eu) imaginámos para “O Vento nos Salgueiros”. Ouviram com muita atenção e, carinhosamente, disseram que tinham gostado muito e que estávamos todos de parabéns, valorizaram o esforço e o trabalho de equipa.
Hoje posso já dizer que os meus 24 meninos, a Helena, a Isabel e eu formámos uma doce partilha. Doces foram também os momentos de leitura, porque a leitura é sempre um momento de doçura, quando já estamos apaixonados por ela.
Sendo assim, só posso dizer muito obrigada à Isabel e à Helena (que ainda continua connosco) por tudo o que nos trouxeram e permitiram.

Rita Carrapato
EB1 Av. Heróis do Ultramar